quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
domingo, 11 de janeiro de 2009
texto da artista
Faço minhas as palavras de Freud : “Criar não é chorar o que se perdeu e que não se pode recuperar, mas substituí-lo por uma obra tal que,ao construí-la, se reconstrói a si próprio”1
1 Sigmund Freud apud Gioovanna Bartucci. Fragilidade Absoluta - ensaios sobre a psicanálse e contemporaneidadade.Rio de Janeiro: editora Planeta, 2008
1 Sigmund Freud apud Gioovanna Bartucci. Fragilidade Absoluta - ensaios sobre a psicanálse e contemporaneidadade.Rio de Janeiro: editora Planeta, 2008
texto curador nicolau vergueiro
A obra de Mônica nesses 20 anos (1988 – 2008) surpreende ao acessar a intrínseca relação entre o público e o privado, utilizando sua cidade e sua gente, sua casa, família e a própria pessoa, como sujeitos. Mônica é de Salvador e no eixo de sua prática a sua cidade sempre se mostra como campo de inspiração.
O approach artístico de Mônica, simultaneamente, etnográfico e autobiográfico, sobressai-se pela intimidade e sensibilidade com que ela envolve seus temas. Essa intimidade e sensibilidade funcionam, também, como ponto crítico em sua obra e denunciam a relação do olhar antropológico tradicional sobre o outro e a cidade que, eventualmente, acha possível um olhar desvinculado do objeto. A abordagem de Mônica permite uma fluidez e uma intersubjetividade entre esses códigos de objetividade.
A pureza de expressão da sua linguagem visual, sendo os seus principais suportes vídeo e fotografia, localiza o despercebido que silenciosamente interliga artista-sujeito-espectador. Mônica representa seus temas de maneira atmosfericamente íntima, construindo-os, também, de maneiras sensoriais, despertando o inconsciente do espectador. Isso libera o espectador de julgar o que ele vê de uma forma didática, permitindo que os personagens da sua obra sejam percebidos de uma maneira não-tradicional.
Os temas de Mônica residem também na desconstrução de binários (negro-branco, verdade-mentira, pobre-rico, cidade-quilombo), como se buscasse, intencionalmente, nas brechas existentes da falsa solidez desses conceitos, as suas questões.
Los Angeles, outubro de 2008.
Nicolau Vergueiro
Artista visual, nascido em Nova Iorque, 1977, e radicado em Los Angeles, com Mestrado de Artes Plásticas (MFA) da CalArts
O approach artístico de Mônica, simultaneamente, etnográfico e autobiográfico, sobressai-se pela intimidade e sensibilidade com que ela envolve seus temas. Essa intimidade e sensibilidade funcionam, também, como ponto crítico em sua obra e denunciam a relação do olhar antropológico tradicional sobre o outro e a cidade que, eventualmente, acha possível um olhar desvinculado do objeto. A abordagem de Mônica permite uma fluidez e uma intersubjetividade entre esses códigos de objetividade.
A pureza de expressão da sua linguagem visual, sendo os seus principais suportes vídeo e fotografia, localiza o despercebido que silenciosamente interliga artista-sujeito-espectador. Mônica representa seus temas de maneira atmosfericamente íntima, construindo-os, também, de maneiras sensoriais, despertando o inconsciente do espectador. Isso libera o espectador de julgar o que ele vê de uma forma didática, permitindo que os personagens da sua obra sejam percebidos de uma maneira não-tradicional.
Os temas de Mônica residem também na desconstrução de binários (negro-branco, verdade-mentira, pobre-rico, cidade-quilombo), como se buscasse, intencionalmente, nas brechas existentes da falsa solidez desses conceitos, as suas questões.
Los Angeles, outubro de 2008.
Nicolau Vergueiro
Artista visual, nascido em Nova Iorque, 1977, e radicado em Los Angeles, com Mestrado de Artes Plásticas (MFA) da CalArts
texto stephane malysse
Múltiplas Máscaras da Mônica:
do catch audiovisual à imagem-afeição.
por Stéphane MALYSSE
“As máscaras são expressões controladas e ecos admiráveis do sentimento, ao mesmo tempo fiéis, discretas e supremas. Contudo, alguns filósofos parecem aborrecidos com as imagens por não serem objetos e com as palavras por não serem sentimentos. Palavras e imagens são como as conchas, não menos partes integrantes da natureza do que as substâncias que cobrem, porém melhor dirigidas ao olhar e mais abertas à observação.” George Santayana.
Na sua grande retrospectiva, Mônica Simões navega na sua cidade do Salvador como se ela estivesse no ringue da realidade: “Isso é a Bahia, meu irmão!” – exclama um dos personagens do) filme “Quilombos Urbanos” –, a qual nossa artista respondeu: “Eu sou neguinha?” Para abordar a obra) da Mônica gostaria de usar duas metáforas: o catch e a concha. Espero apresentar desta forma, “Uma Grande Mentira e Uma grande Verdade” sobre a prática poética de Mônica Simões.
Nas suas relações com a vida e com a arte, Mônica se apresenta como uma lutadora de catch no ringue da realidade brasileira. Através dos inúmeros encontros que ela faz e estimula nos campos das suas pesquisas e, depois, no campo da suas imagens, essa batalhadora documentarista é capaz de (re) “Inventar o Cotidiano” e mostrar “Uma cidade” com ecos dos sentimentos. Se a artista usa diversas máscaras, a obra é uma concha: apesar de ser íntima e feita sob medida, verdadeira casa da artista, ela é sempre dirigida ao olhar e aberta à observação do outro. Entre Memória e História, Mônica Simões estiliza seus encontros com os afetos alheios e cria muitas imagens-afeição. Deleuze explica que a imagem-afeição é incontrolável pela consciência: “A imagem-afeição surge no centro de indeterminação, quer dizer, dentro do sujeito, entre uma percepção perturbadora e uma ação hesitante. Ela é a coincidência do sujeito e do objeto ou a maneira pela qual o sujeito se percebe ele mesmo ou se ressente por dentro”. A natureza reflexiva das imagens e a interiorização do vivido parecem animar profundamente o universo poético de Mônica Simões. Neste sentido, as imagens criadas por ela são verdadeiras conchas audiovisuais que têm como “substância o afeto composto do desejo e do espanto e o desvio dos rostos no aberto, no vivo”. Este rosto feliz de uma babá, este olhar vivo da sua empregada, a voz da sua mãe ou a beleza das suas filhas, tudo está comunicando diretamente com a artista, sem filtro, sem fraqueza, sem indiretas. Isso é, também, característico de um jeitinho de olhar que mistura sedução e desprendimento, malícia e provocação; uma máscara social baiana que se espalha no encontro com o público... Um convite aos outros olhares curiosos... Um abraço audiovisual no final de uma luta.
Stéphane Malysse é antropólogo visual, artista multimeios e professor de Artes e Antropologia na E.A.C.H / USP Leste
do catch audiovisual à imagem-afeição.
por Stéphane MALYSSE
“As máscaras são expressões controladas e ecos admiráveis do sentimento, ao mesmo tempo fiéis, discretas e supremas. Contudo, alguns filósofos parecem aborrecidos com as imagens por não serem objetos e com as palavras por não serem sentimentos. Palavras e imagens são como as conchas, não menos partes integrantes da natureza do que as substâncias que cobrem, porém melhor dirigidas ao olhar e mais abertas à observação.” George Santayana.
Na sua grande retrospectiva, Mônica Simões navega na sua cidade do Salvador como se ela estivesse no ringue da realidade: “Isso é a Bahia, meu irmão!” – exclama um dos personagens do) filme “Quilombos Urbanos” –, a qual nossa artista respondeu: “Eu sou neguinha?” Para abordar a obra) da Mônica gostaria de usar duas metáforas: o catch e a concha. Espero apresentar desta forma, “Uma Grande Mentira e Uma grande Verdade” sobre a prática poética de Mônica Simões.
Nas suas relações com a vida e com a arte, Mônica se apresenta como uma lutadora de catch no ringue da realidade brasileira. Através dos inúmeros encontros que ela faz e estimula nos campos das suas pesquisas e, depois, no campo da suas imagens, essa batalhadora documentarista é capaz de (re) “Inventar o Cotidiano” e mostrar “Uma cidade” com ecos dos sentimentos. Se a artista usa diversas máscaras, a obra é uma concha: apesar de ser íntima e feita sob medida, verdadeira casa da artista, ela é sempre dirigida ao olhar e aberta à observação do outro. Entre Memória e História, Mônica Simões estiliza seus encontros com os afetos alheios e cria muitas imagens-afeição. Deleuze explica que a imagem-afeição é incontrolável pela consciência: “A imagem-afeição surge no centro de indeterminação, quer dizer, dentro do sujeito, entre uma percepção perturbadora e uma ação hesitante. Ela é a coincidência do sujeito e do objeto ou a maneira pela qual o sujeito se percebe ele mesmo ou se ressente por dentro”. A natureza reflexiva das imagens e a interiorização do vivido parecem animar profundamente o universo poético de Mônica Simões. Neste sentido, as imagens criadas por ela são verdadeiras conchas audiovisuais que têm como “substância o afeto composto do desejo e do espanto e o desvio dos rostos no aberto, no vivo”. Este rosto feliz de uma babá, este olhar vivo da sua empregada, a voz da sua mãe ou a beleza das suas filhas, tudo está comunicando diretamente com a artista, sem filtro, sem fraqueza, sem indiretas. Isso é, também, característico de um jeitinho de olhar que mistura sedução e desprendimento, malícia e provocação; uma máscara social baiana que se espalha no encontro com o público... Um convite aos outros olhares curiosos... Um abraço audiovisual no final de uma luta.
Stéphane Malysse é antropólogo visual, artista multimeios e professor de Artes e Antropologia na E.A.C.H / USP Leste
texto solange farkas
Na diversidade do trabalho da artista baiana Mônica Simões que normalmente faz uso da fotografia e do vídeo para criar instalações visuais, entre outras adaptações de suporte, pode-se ver como a relação entre arte contemporânea, fotografia e mídias tecnológicas, pode ser explorada ao infinito.
É recorrente ver em sua trajetória artística o uso da fotografia de família, gente, cidade e objetos pessoais, demonstrando seu particular interesse pelos espaços, hábitos íntimos das pessoas, e sobre tudo pela reconstituição de ambientes afetivos.
Suas obras, criadas a partir da apropriação e manipulação destes arquivos fotográficos resgatados em diferentes épocas, exploram questões de ordem pessoal e simbólica além de trabalhar com a memória individual, com idéias de uma identidade feminina, associando esses conceitos ao fazer artístico, até a elaboração do projeto final de obras que ocupam um espaço tridimensional.
A poética de Mônica Simões rompe com as fronteiras entre a fotografia, o vídeo e as artes visuais adentrando um terreno anterior a qualquer modalidade estética instituída e que diz respeito ao território próprio da arte.
Nesta exposição retrospectiva a artista reúne trabalhos feitos em diferentes épocas, diversas plataformas e postos pela primeira vez em contato próximo, criando associações simbólicas e referenciais, revelando, a rica trajetória de Mônica Simões.
salvador | novembro | 2008
solange farkas
curadora do videobrasil
diretora do museu de arte moderna da bahia
É recorrente ver em sua trajetória artística o uso da fotografia de família, gente, cidade e objetos pessoais, demonstrando seu particular interesse pelos espaços, hábitos íntimos das pessoas, e sobre tudo pela reconstituição de ambientes afetivos.
Suas obras, criadas a partir da apropriação e manipulação destes arquivos fotográficos resgatados em diferentes épocas, exploram questões de ordem pessoal e simbólica além de trabalhar com a memória individual, com idéias de uma identidade feminina, associando esses conceitos ao fazer artístico, até a elaboração do projeto final de obras que ocupam um espaço tridimensional.
A poética de Mônica Simões rompe com as fronteiras entre a fotografia, o vídeo e as artes visuais adentrando um terreno anterior a qualquer modalidade estética instituída e que diz respeito ao território próprio da arte.
Nesta exposição retrospectiva a artista reúne trabalhos feitos em diferentes épocas, diversas plataformas e postos pela primeira vez em contato próximo, criando associações simbólicas e referenciais, revelando, a rica trajetória de Mônica Simões.
salvador | novembro | 2008
solange farkas
curadora do videobrasil
diretora do museu de arte moderna da bahia
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Quem sou eu
- monica simoes :: projetos
- Transito há 20 anos no universo das artes visuais. Em 2008 introduzi um novo suporte que é o pano, reafirmando o meu viés multimídia da artista que migra da fotografia para a arte eletrônica e digital e agora para a arte têxtil. Migrando mas sempre incorporando às novas descobertas os antigos suportes.